A 5 de novembro, mais de cinquenta pessoas e vários meios de comunicação participaram no evento Science to Practice "Aproveitamento Resineiro, Desenvolvimento Territorial e Desafio Demográfico", realizado na sede do Cesefor em Soria. A jornada serviu para ilustrar a evolução e os problemas do setor e propor algumas soluções políticas e administrativas para apoio à resina. Pode aceder às apresentações no site do projeto INCREDIBLE no seguinte link: link para as apresentações.
A representante espanhola da Comissão de Municípios Florestais, Marta Corella, destacou o papel essencial que o setor florestal deve desempenhar no novo modelo baseado na bioeconomia, especialmente um produto como resina natural que contribui para a prosperidade das áreas rurais para o meio ambiente, permitindo avanços na substituição de fontes fósseis de matérias-primas de maneira sustentável. É necessário informar o público em geral sobre a importância do setor florestal: "a sociedade precisa de nós mesmo que não o saiba", concluiu.

Javier Ezquerra, da Junta de Castela e Leão descreveu a progressão produtiva em Castela e Leão, que responde por 86% da produção espanhola, de aproximadamente 2.000 toneladas em 2010 para quase 12.000 toneladas em 2018, com um aumento paralelo do número de resineiros, de 100 para 1.000 no mesmo período, o aumento das fábricas de processamento de 3 para 7. O orador destacou algumas das ameaças a este recurso como, pragas, incêndios ou evolução da composição da florestas e, mais a curto prazo, flutuações negativas de preços nos mercados internacionais, com a consequente perda de viabilidade da atividade extrativa. Segundo Ezquerra, uma das chaves para a viabilidade do setor é melhorar as condições de trabalho dos resineiros.

O engenheiro Jesús Prieto destacou a importância das fontes de resina natural ibérica para o suprimento da indústria que, na sua opinião, possui certas características que a tornam uma opção preferível à resina de outras fontes, não apenas do ponto de vista técnico, mas também por suas implicações, em termos de sustentabilidade ambiental e geração de externalidades positivas desde a escala local à comunitária. Concepción Martinez, da Sociedade de Resinas Naturais, apresentou o programa de apoio que a empresa desenvolve para acompanhar os novos resineiros durante o início de sua atividade.

O ponto de vista dos resineiros veio da mão de Alejandro García Ordóñez, da Pinaster Cooperativa Servicios Medioambambionales de León, que enumerou as principais barreiras à entrada no o oficio de resineiros sob diferentes perspectivas: físicas, econômicas, sociais e jurídico/administrativas. García Ordonez apresentou várias medidas que, em sua opinião, deveriam ser tratadas para apoiar a resina, entre as quais algumas legais e administrativas relacionadas com o contrato territorial, às normas técnicas, ao seguro agrícola, ao apoio da administração local e, sobretudo, a inclusão da atividade na Política Agrícola Comunitária.

A socióloga Guadalupe Ramos Truchero, da Universidade de Valladolid, apresentou um trabalho muito interessante realizado no projeto SustForest Plus, sobre o perfil sociológico da população de resineiros em Espanha. O trabalho realizado pela investigadora leva a dividir a população em quatro grandes categorias. O reinício da atividade foi fundamentalmente alimentada por duas tendências, uma derivada do contexto de desemprego “a recuperação da crise” e aqueles que escolhem a resina como um modo de vida desejado, que querem morar na aldeia com a sua família trabalhando por conta própria. A formação dos resineiros é, segundo Ramos Truchero, o elemento essencial para que a atividade seja rentável e sustentável.

Atualmente, está a ser negociada a proposta da Política Agrícola Comunitária para o período de 2021 a 2027. Blanca Rodríguez-Chaves Mimbrero (Universidade Autônoma de Madrid), que desenvolve um trabalho específico sobre a integração do setor da resina nas políticas europeias através do projeto SustForest Plus, forneceu as bases para a inclusão da atividade florestal e, em particular, do setor das resinas naturais, na nova arquitetura verde da PAC; a gestão florestal é um antídoto contra o despovoamento; A atividade da resina encaixa-se perfeitamente nos nove objetivos específicos da nova PAC. Rodríguez-Chaves acredita que a oportunidade oferecida por essa negociação deve ser aproveitada pelo setor de resinas para incluir projetos impulsionadores nos Planos de Desenvolvimento Rural que implementem a PAC no território. “Agora é uma boa hora para apresentar medidas específicas para o setor florestal, tanto para o Pilar I como para o Pilar II”, disse o relator.

O especialista em direito administrativo, José Miguel García Asensio, apresentou o esquema do contrato territorial como um instrumento para orientar e incentivar a atividade dos resineiros, como detentores de exploração agrícola do ponto de vista administrativo, em benefício de um desenvolvimento sustentável do meio rural.  Este trabalho é realizado graças ao projeto SustForest Plus, financiado pelo programa INTERREG Sudoe. O contrato territorial permitirá o estabelecimento de compromissos entre uma administração e o resineiro, de forma que este possa receber uma compensação pelo cumprimento de tais compromissos, além de permitir o estabelecimento de incentivos e a remuneração das externalidades positivas.
A sessão de apresentação foi encerrada por João Lobo, Presidente da camara do município português de Proença-a-Nova, que apresentou o projeto para a criação da Rede Europeia de Territórios Resineiros, promovida pelo projeto SustForest Plus; uma organização internacional que tem a vocação de representar e promover os interesses do setor das resinas a nível europeu, entre outros a possível integração do setor na Política Agrícola Comunitária.

As perguntas e debates suscitados, tanto durante a reunião como nas conversas animadas nos corredores, entre palestrantes e assistentes, deixaram a sensação de que, embora a resinagem de pinheiros seja um recurso essencial para combater o despovoamento, o setor de resinas naturais encontra-se num momento crítico que pode levar a um novo retrocesso na atividade, o que pode significar a perda de uma esplêndida oportunidade para os nossos territórios: agora é a hora de procurar soluções.

Existem vários problemas a enfrentar neste sector, mas o mais urgente e o que torna o setor mais frágil e vulnerável, está relacionado com a instabilidade do mercado internacional de produtos resinosos, altamente volátil e imprevisível.

Neste contexto, a continuidade da atividade na Europa envolve a tomada de decisões políticas apropriadas, tanto a nível local, regional, nacional como comunitário. Durante a jornada, foi revelado que existem mecanismos - a PAC, o contrato territorial, o apoio de entidades locais, a organização e o envolvimento de todos os membros do setor -, mas devemos exigir que esses mecanismos sejam implementados de maneira concreta e urgente.

O fenómeno do despovoamento, o abandono rural, esteve no centro de todos os debates políticos nos últimos tempos, mas as soluções fornecidas até agora não são claras. O setor da resina propõe uma ferramenta realista e viável para mitigar o despovoamento, desde que as administrações públicas apostem nela, sempre que se responda de forma afirmativa à pergunta: queremos resineiros a trabalhar nas nossas florestas?

A premissa da jornada, Aproveitamento Resineiro, Desenvolvimento Territorial e Desafio Demográfico, baseou-se no facto de terem sido os presentes no evento, que responderam à pergunta - Quais as iniciativas políticas que deveriam ser promovidas para obter apoio no setor da resina a nível nacional e europeu, regional ou local? Agora, oferecemos a oportunidade de fazer a sua contribuição novamente através do seguinte inquérito que pode preencher on-line no seguinte link: link para o inquérito.

Se você ou a entidade à qual pertence estiver comprometido com a viabilidade do setor europeu de resinas, convidamo-lo a expressar seu interesse na criação da Rede Europeia de Territórios Resineiros, uma organização do setor que deseja aumentar e defender os interesses da resina natural a nível europeu. Link para o formulário de adesão antecipada: link para o formulário de adesão