06 Jun 2019 12:58 PM
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A Declaração de Proença-a-Nova é o documento que está a ser preparado na sequência da realização das Jornadas Internacionais “O Aproveitamento Resineiro: Florestas com Futuro”, que decorreram no Centro Ciência Viva da Floresta nos dias 30 e 31 de maio e que juntaram representantes do sector de Portugal, Espanha e França, bem como público interessado nesta temática, no âmbito do projeto SustForest Plus, cofinanciado pelo programa Interreg Sudoe através do FEDER da União Europeia. Entre outras situações, a declaração formaliza a criação da Rede Europeia dos Territórios Resineiros (RETR) bem como aquela que deve ser a principal finalidade desta associação transnacional que terá como principal missão a defesa da atividade resineira, dos resineiros e da resina natural do Sul da Europa.

Para João Lobo, presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, a criação desta rede é de extrema importância tendo em conta que apesar das externalidades positivas da floresta – e da fileira do pinheiro bravo – serem reconhecidas por todos, “teimosamente o decisor político europeu tem-nas deixado passar, pelo que a Política Agrícola Comum tem que ter uma política de floresta comum”, afirmou no encerramento das jornadas. Nesse sentido, é assumido desde logo como objetivo prioritário da RETR, que congrega todos os atores do sector, a função de lobby para potenciar a resinagem como atividade de futuro, tendo em conta os múltiplos benefícios que apresenta e que foram elencados pelos diferentes oradores ao longo do dia 30 e vistos no terreno no dia 31, na visita de campo a Seiça, Ourém.

“Para o concelho de Proença-a-Nova, a resina foi uma importante fonte de rendimento no século passado e hoje temos novamente uma oportunidade única de relançar este sector, sempre ligado à condição de ter pessoas no território, como forma de combater a baixa densidade, de ser um importante contributo para a gestão de combustível e defesa da floresta contra incêndios, além de economicamente estarmos a falar de um produto natural e sustentável cada vez mais valorizado”. João Lobo adiantou ainda que, em conjunto com a autarquia de Penela, também sócia do projeto, serão desenvolvidos contactos com municípios que tenham património florestal para que integrem a Rede com o duplo objetivo de criar maior força do ponto de vista político, mas também de desenvolverem a atividade da resinagem e, desta forma, criar riqueza local, para que “as suas gentes e o seu território sejam enriquecidos”. O próprio Município irá brevemente iniciar o projeto de interligar a atividade da resinagem com o sistema municipal de defesa da floresta contra incêndios, estando já definida pelo menos uma área de intervenção.

  

As Jornadas Internacionais iniciaram-se no dia 29 de maio com a realização de uma reunião de trabalho com as empresas e instituições associadas do SustForest Plus e terminaram a 31 com a realização da visita de campo a Ourém, onde os participantes tiveram oportunidade de visitar áreas diferentes da Zona de Intervenção Florestal de Seiça, nomeadamente uma zona de pinhal com regeneração natural depois de um incêndio há seis anos e diferentes etapas produtivas da exploração da resina em pinhais com idades entre os 20 e os 80 anos. Durante o trajeto entre Proença-a-Nova e Ourém, os participantes puderam ainda ver as consequências dos incêndios florestais, reforçando-se a urgência de implementar medidas concretas que possibilitem a gestão florestal com o objetivo resineiro, apresentado como o mais viável tendo em consideração as características do território, mas numa janela de oportunidade que, opinião unânime entre os presentes, tem de ser aproveitada agora sob pena de não se voltarem a reunir condições como as que estão criadas agora.